Vitória do Japão e gratidão aos pioneiros dão o tom na CMSP

A estreia vitoriosa da seleção japonesa na Copa do Mundo diante da Colômbia e a gratidão aos pioneiros deram a tônica da Sessão Solene em Comemoração aos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, realizada na noite desta terça-feira, 19, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo.
O placar de 2 a 1 favorável aos “Samurais Azuis” foi comemorado pelo cônsul geral do Japão em São Paulo, Yasushi Noguchi, pelo “sempre deputado” Hatiro Shimomoto, e pelos vereadores Aurélio Nomura (PSDB), George Hato (MDB), Masataka Ota (PSB) e Rodrigo Goulart (PSDB), respectivamente, presidente e proponentes da homenagem.
Além dos vereadores que compõem a bancada nikkei na Câmara Municipal de São Paulo, a Mesa contou com a presença de Eduardo Suplicy (PT); de Hatiro Shimomoto; da presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), Harumi Goya; do presidente do Comitê Executivo da Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, Yoshiharu Kikuchi, e do cônsul Yasushi Noguchi.
Este ano, cada parlamentar indicou dois homenageados, além do cônsul geral do Japão em São Paulo, Yasushi Noguchi, e do presidente do Comitê Executivo da Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, Yoshiharu Kikuchi, homenageados em conjunto pelos vereadores.
Rodrigo Goulart “justificou” sua presença na cerimônia apresentando sua mãe, Kazuko Hayashi Goulart. Segundo ele, “os 110 anos da imigração japonesa serão celebrados como deveriam ser: um marco de alegria e reconhecimento de paulistas e paulistanos à grande contribuição que a comunidade japonesa deu para o desenvolvimento do Brasil”.


“Tenha certeza de que os festejos programados pela Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração no Brasil, presidido pela competente Harumi Goya e pelo presidente do Comitê Executivo, Yoshiharu Kikuchi, serão revestidos de beleza, de emoção e demonstrações de reconhecimento aos feitos nipônicos no Brasil, bem como expressarão à representante da família imperial, princesa Mako, o carinho, a hospitalidade e o respeito de todos os brasileiros”, afirmou Goulart, que homenageou o empresário Sergio Katayama e o presidente da Assobrapi (Associação Brasileira de Pirotecnia), Eduardo Tsugiyama.

Orgulho – Já Ota afirmou sentir uma “mistura de várias emoções”. Lembrou do pai, Tokosuke Ota – falecido há três anos – e convidou o público a ouvir um áudio cedido pelo Museu de Hiroshima. “O que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki nos assombram até hoje”, disse ele, que indicou o presidente da Acal (Associação Cultural e Assistencial da Liberdade), Hirofumi Ikesaki, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-SP), Bruno Omori – que na ocasião foi representado por seu pai, Carlos Omori.
George Hato, que homenageou o vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen e presidente do Conselho Deliberativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Pedro Isamu Mizutani, e o presidente da Asociação Cultural e Assistencial Vila Morais, Satoshi Hashimoto, se emocionou ao falar de se pai, o deputado estadual Jooji Hato – que se recupera de um AVC – disse que “a cerimônia dos 110 anos da imigração japonesa é motivo de muito orgulho e honra para todos nós que carregamos o sangue nipônico”. E “parafraseando” o vereador Aurélio Nomura, destacou que, “com muita dedicação, suor e lágrimas”, a comunidade japonesa alcançou o respeito e o reconhecimento do povo e do governo brasileiros.


Para Aurélio Nomura, “neste ano que nós comemoramos os 110 anos da imigração japonesa, nos cabe dizer a palavra mais preciosa que temos na nossa língua, que é ‘muito obrigado’. Gratidão que devemos ter e que temos aos pioneiros que vieram a este país antípoda e com trabalho e dedicação, com sangue suor e lágrimas, mas principalmente, com honestidade, os japoneses venceram a batalha, a luta e a sobrevivência”, disse Nomura, acrescentando que a caminhada não foi fácil. “Mas hoje nós temos japoneses e seus descendentes em todos o os setores laboriosos do país, na Mediciana, na Engenharia, na Adminstração Pública, no Judiciário, na Política, nas Artes, nos Esportes”, destacou o parlamentar, que homenageou o presidente do Instituto Ícaro, Akio Ogawa, e o presidente da Associação Harmonia de Educação e Cultura, Tadayosi Wada.

Mostrando ter boa memória, o cônsul geral listou praticamente todas as cidades do interior do Estado visitadas por ele. Afirmou ter ficado impressionado com a presença de nikkeis nessas regiões e mais impressionado ainda com o respeito e apreço dos brasileiros em relação ao Japão e aos japoneses. “Estou muito honrado em ser cônsul geral em São Paulo”, observou Noguchi, revelando que a terça-feira tinha sido um dia “muito especial” pela vitória da seleção japonesa. “Sem dúvida, estou certo de que a final será entre Brasil e o Japão . E o resultado será empate”. Foi muito aplaudido.

Repercussão – “Reconhecimento”. Essa foi uma das palavras mais usadas pelos homenageados para expressar seus sentimentos. Pedro Mizutani disse que “é uma grande alegria para mim e para toda a comunidade japonesa estar recebendo esse prêmio maravilhoso. “Representa uma continuidade, uma obrigação cada vez maior de deixar um legado para as gerações futuras”, destacou.
Akio Ogawa disse que ficou muito emocionado porque, “na verdade, é um reconhecimento a um trabalho que venho me dedicando há muito tempo”. “É um estímulo para continuar trabalhando pelo país e, principalmente, para essa comunidade que tanto admiro.

Para Tadayosi Wada, a homenagem é um reconhecimento ao trabalho da Associação Harmonia de Educação e Cultura, que “tem se dedicado na difusão da cultura japonesa”. Já o presidente da Acal disse que se arrependeu de não ter avisado onde estaria na noite de terça-feira. “Não sabia que era uma homenagem tão relevante. Se soubesse teria trazido minha família”, afirmou Hirofumi Ikesaki, explicando que a homenagem dará mais força para que continue trabalhando em prol do bairro da Liberdade, do qual carinhosamente é chamado de “prefeito”.